sábado, 31 de maio de 2008

Golpe em nome de Rollemberg

Identificando-se como assessores do deputado, estelionatários já deram muitos prejuízos a comerciantes

O delegado Plácido Rocha Sobrinho, da 5ª Delegacia de Polícia, adverte os comerciantes de Brasília: cuidado com supostos clientes que encomendam mercadorias em nome de políticos. O policial é encarregado do inquérito aberto para apurar um novo golpe que vem sendo aplicado no Distrito Federal por uma quadrilha de estelionatários. Os criminosos se apresentam como assessores do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB) para comprar, receber o produto e não pagar.
A falcatrua é aplicada por um sujeito eloqüente que usa a imagem pública de Rollemberg para enganar as pessoas. Ele telefona e se identifica como assessor do parlamentar e faz contato numa loja. “Muita gente acredita porque o deputado é muito conhecido na cidade”, explica Plácido.
Desde o início do ano, ele tenta prender os integrantes da quadrilha. Para isso, conta com a ajuda da assessoria do parlamentar. “A melhor coisa para evitar novos golpes é a divulgação do crime”, assegura o delegado.
A quadrilha tem atuação diversificada. Já tentou comprar vários produtos. A fórmula é sempre parecida: uma pessoa escolhe as mercadorias por telefone e diz que vai mandar alguém buscar a compra. Manda, então, um recibo de depósito falso, um cheque clonado ou roubado. “Geralmente ele manda um motorista de táxi buscar a mercadoria e ele nem sabe que está participando de um crime porque apenas recebe um endereço para fazer a entrega”, conta o delegado.
Rollemberg conta que no início se sentiu muito incomodado com as reclamações em seu gabinete.
Vários comerciantes ligaram para queixar-se dos desfalques feitos em nome do parlamentar. O deputado, então, procurou a Polícia Legislativa, para fazer a denúncia e também uma delegacia de polícia, para abertura de um inquérito. Uma loja de bebidas está entre as prejudicadas. Em janeiro, um homem “gastou” R$ 33 mil em bebidas, mas usou um comprovante de depósito feito com um envelope vazio, segundo conta a assessoria do deputado. Os criminosos tentaram em vão aplicar o golpe até mesmo numa loja de produtos eletrônicos da filha do secretário de Governo, José Humberto Pires, de acordo com relato de Rollemberg. Segundo o deputado, um encontro entre os dois, na véspera da entrega, impediu o prejuízo na loja.
Bilhete premiado
O delegado Plácido, que atua na área central de Brasília, explica que esse tipo de golpe é o primeiro que ele conhece envolvendo o nome de um parlamentar. Mas estelionatários não se cansam de criar novidades. O mais antigo é o do conto do bilhete premiado, quando uma pessoa acredita que pode comprar o prêmio. Há ainda um golpe, geralmente aplicado em pessoas idosas, do carro enguiçado. Segundo o policial, os criminosos criam um problema do veículo, o motorista pára e imediatamente eles se oferecem para ajudar. Depois apresentam uma conta alta. Quando a pessoa percebe que foi enganada, já é tarde.
A polícia já sabe quem são os criminosos e se prepara para prendê-los em flagrante. Houve uma tentativa frustrada há dois meses, na 310 Sul. “Eles são espertos e perceberam a movimentação da polícia”, conta Plácido. “Por isso, não foram buscar a encomenda”, acrescenta. Uma assessora de Rollemberg contou ao Correio que já houve várias reclamações de comerciantes enganados. “Tentaram comprar até um trator”, afirma o delegado.
Ana Maria Campos - Correio Braziliense - 27/5/2008

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