Autor: Irene Oliveira
O local pode ser reconhecido pela Constituição como Patrimônio Nacional
Manifestação na Esplanada dos Ministérios reuniu ontem, cerca de 150 pessoas. O objetivo foi pedir no Dia Nacional do Cerrado (11/09), a aprovação da Proposta de Ementa à Constituição (PEC) 115/95, que o Cerrado seja reconhecido pela Constituição Brasileira como Patrimônio Nacional, a exemplo da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira. O movimento aconteceu simultaneamente em outros estados que possuem a mesma vegetação e recolheu assinaturas que serão entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia. A proposta aguarda para ser votada há mais de 13 anos. Neste intervalo, no Distrito Federal, inúmeras áreas do Cerrado, que é conhecido como "pai das águas", com rica diversidade foi grilado e se transformou em condomínios irregulares, inclusive em áreas de proteção ambiental e beira de nascentes. O brasiliense está cansado com a impunidade dos grileiros, que agem sorrateiramente e transformam o Cerrado em concreto, como num passe de mágica, ninguém vê, sobretudo a fiscalização específica para estes casos.Uma das pioneiras do movimento "Cerrado Vivo", Fernanda Sabóia, estudante de direito, afirmou que "a legislação ambiental não é cumprida no Brasil". Ela é dona de uma comunidade no orkut (site de relacionamentos), com o nome "Grita Cerrado" que trás em sua abertura a seguinte chamada: "Futuras gerações não poderão conhecer a diversidade desse bioma se a destruição continuar. Precisamos urgentemente da aprovação da emenda constitucional 115/95, do artigo 225 da Constituição. É hora de agir, lutar e cobrar daqueles que estão no poder, não podemos permitir que a ignorância ambiental de alguns destrua nossas matas. O Cerrado pede socorro!".O deputado federal Rodrigo Rollemberg, vice-líder do (PSB/DF) acompanhou de perto a manifestação e afirmou que desde o início do seu mandato prioriza a votação da PEC. Ele destacou que "há resistência da bancada ruralista, do PMDB e do DEM. É necessário manter a mobilização e intensificar o número de pessoas que exijam a aprovação até outubro deste ano, quando retomamos a votação, aí conseguiremos aprovar o projeto até o final do ano", destacou.Inúmeras faixas foram levantadas pelos manifestantes com frases: "Sem Cerrado o Brasil terá apagão energético"; "Cerrado condenado a desaparecer em 2030"; "Viva o Cerrado vivo". A maioria deles eram jovens muito bem informados sobre a causa e avaliaram como fraco o argumento de alguns parlamentares de que a aprovação do projeto vai atrapalhar o agronegócio na região. Segundo um dos coordenadores do "Movimento Cerrado Vivo", Paulo Fiúza, "é preciso avançar, existem tecnologias que permitem conciliar produção com preservação. É possível aumentar a produtividade sem usar novas áreas do cerrado, que hoje possui 30% das biodiversidades, com espécies endêmicas (que só existem nesta área), o governo tem sido negligente com o Cerrado", desabafou.Na avaliação de Fiúza falta para a população informações sobre a importância do Cerrado. "É fundamental acabar com áreas devastadas por meio do reflorestamento e, ainda aumentar as áreas de preservação", disse.Segundo a encantadora de aves, Dandara Aiache Culetto, os animais, especialmente as aves sofrem com a devastação do Cerrado e perdem seu habitat natural. "Hoje é comum vermos carcarás (uma espécie de ave), na cidade". Dandara recebe pássaros machucados, doentes e filhotes abandonados. Ela recupera os animais por meio do afeto, alguns acreditam que seja, um dom especial por se tratar de espécies ariscas, então ela devolve as aves para a natureza. "Se o Cerrado acaba os animais se vão junto com ele, é preciso conscientizar nossa sociedade", destacou Dandara.
Fonte : Tribuna do Brasil Data : 12 de setembro de 2008
Vejam alguma Imagens:
Foto: Sérgio Francês
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